Terminou esta semana uma formação introdutória aos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) na Escola Profissional Alsud de Mértola. Consistiu num módulo de 25H integrado no curso de Assistente de Arqueólogo (certificação de Nível Secundário). Esta acção foi uma excelente oportunidade para explorar e divulgar algum do bom software aberto que actualmente existe para SIG, e aproveito para deixar aqui umas notas sobre esta experiência na esperança de poder vir a ser útil a outras pessoas, formadores ou não.
O público consistiu num grupo de 13 adultos que nunca tinham tido qualquer tipo de contacto com sistemas de informação geográfica. Optei portanto pelo Quantum GIS por achar que é, actualmente, um dos programas mais amigáveis e fáceis de utilizar.
Tendo em conta as poucas horas disponíveis para o módulo e a ausência de conhecimentos ou contactos prévios com o mundo SIG por parte dos formandos, defini como objectivos de aprendizagem os seguintes pontos:
- Compreender o que é "Informação Geográfica"
- Distinguir as diferenças entre o modelo raster e vectorial;
- Explorar operações de simbologia e etiquetas;
- Fontes de dados online (incluindo serviços WMS e WFS);
- Elaborar mapas e criar esquemas de impressão.
Dividi o módulo em três momentos: introdução teórica (3h), exercícios práticos com o apoio de um guião e dados fornecidos por mim (16H) e um projecto final (6H) que consistiu na elaboração de um mapa simples.
No fim do módulo foi distribuído um questionário de avaliação do qual destaco as 5 perguntas directamente relacionadas com o QGIS (clicar para aumentar):
Os resultados do questionário justificam alguns comentários: embora a maioria considere que o nível de dificuldade na aprendizagem do QGIS é razoável (o que me parece natural tendo em conta ter sido o primeiro contacto com um programa SIG), também é verdade que a avaliação global do QGIS é francamente boa e, principalmente, a maioria considera interessante trabalhar com o QGIS e acha que o software que poderá vir a ser "útil" ou "muito útil" no futuro.
Em relação a problemas e dificuldades merecem destaque três aspectos. Em primeiro lugar a falta de conhecimentos de base a nível de informática por parte dos formandos foi sem dúvida a principal dificuldade. A falta de conceitos chave como "directoria" ou "extensão" estiveram na origem da maior parte das dificuldades sentidas, que se traduzem na célebre questão "Onde é que está? Não encontro o ficheiro!"
A segunda dificuldade esteve relacionada com o acesso a informação online, quer através de serviços WMS/WFS, quer através do plugin Open Layers, não por causa do QGIS, mas simplesmente porque a rede disponível não permitia acessos em simultaneo.
A terceira dificuldade é inultrapassável: 25H é manifestamente muito pouco para quem nunca teve nenhum contacto com SIG, e alguns formandos manifestaram isso mesmo. No entanto o Referencial é muito claro e nada há a fazer - 25H!
Digno de nota é a performance do QGIS que foi francamente boa - sem crashes nem problemas de performance. De um .universo de 13 computadores, 4 tinham Windows XP e 9 o Windows 7. O único problema que se registou foi ao nível do Print Composer que, nas máquinas com Windows XP não conseguia desenhar uma legenda a partir dos vectores do projecto - um problema que entretanto já foi reportado à equipa de desenvolvimento do QGIS.
Aqui ficam alguns dos mapas produzidos - nada mau para quem utilizou QGIS pela primeira vez!
Finalmente quero deixar uma nota de agradecimento à Escola Profissional Alsud pelo convite que me dirigiu e em particular à coordenadora do Curso de Assistente de Arqueólogo, professora Ana Carmo, pelo apoio, e abertura demonstrada para integrar curricularmente soluções de software aberto. Uma palavra também para os formandos que se esforçaram por aprender e não colocaram qualquer tipo de objecção à publicação destas notas.
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